terça-feira, 21 de junho de 2011

Fabrício Carpinejar.

TEMPO É TERNURA


Viver tem sido adiantar o serviço do dia seguinte. No domingo, já estamos na segunda, na terça já estamos na quarta e sempre um dia a mais do dia que deveríamos viver. Pelo excesso de antecedência, vamos morrer um mês antes.

Está na hora de encarar a folha branca da agenda e não escrever. O costume é marcar o compromisso e depois adiar, que não deixa de ser uma maneira de ainda cumpri-lo.

Tempo é ternura.

Perder tempo é a maior demonstração de afeto. A maior gentileza. Sair daquele aproveitamento máximo de tarefas. Ler um livro para o filho pequeno dormir. Arrumar as gavetas da escrivaninha de sua mulher quando poderia estar fazendo suas coisas. Consertar os aparelhos da cozinha, trocar as pilhas do controle remoto. Preparar um assado de 40 minutos. Usar pratos desnecessários, não economizar esforço, não simplificar, não poupar trabalho, desperdiçar simpatia.

Levar uma manhã para alinhar os quadros, uma tarde para passar um paninho nas capas dos livros e lembrar as obras que você ainda não leu. Experimentar roupas antigas e não colocar nenhuma fora. Produzir sentido da absoluta falta de lógica.

Tempo é ternura.

O tempo sempre foi algoz dos relacionamentos. Convencionou-se explicar que a paixão é biológica, dura apenas dois anos e o resto da convivência é comodismo.

Não é verdade, amor não é intensidade que se extravia na duração.

Somente descobriremos a intensidade se permitirmos durar. Se existe disponibilidade para errar e repetir. Quem repete o erro logo se apaixonará pelo defeito mais do que pelo acerto e buscará acertar o erro mais do que confirmar o acerto. Pois errar duas vezes é talento, acertar uma vez é sorte.

Acima da obsessão de controlar a rotina e os próximos passos, improvisar para permanecer ao lado da esposa. Interromper o que precisamos para despertar novas necessidades.

Intensidade é paciência, é capricho, é não abandonar algo porque não funcionou. É começar a cuidar justamente porque não funcionou.

Casais há mais de três décadas juntos perderam tempo. Criaram mais chances do que os demais. Superaram preconceitos. Perdoaram medos. Dobraram o orgulho ao longo das brigas. Dormiram antes de tomar uma decisão.

Cederam o que tinham de mais precioso: a chance de outras vidas. Dar uma vida a alguém será sempre maior do que qualquer vida imaginada.



Achei lindo isso!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Poeminha.

Na boa,tou orgulhosa de mim. Pela primeira vez eu criei um poema. E até agora quem leu,gostou.
Resolvi colocá-lo aqui. E engraçado,passei a noite quase toda em claro pra analisar uma poesia,quando poderia eu mesma ter criado. Enfim...

a infância, a vida ADULTA e os probLEMAS.

Por Nathaly Ramos

criança.

problemas.

briguinhas.

escolinha.

não quero comer!

não quero estudar!

ai, pra quê tomar banho?

Ah,quero é ver desenho!

Buááááááááá!

Adulto.

PROBLEMAS.

ETERNAS DISCUSSÕES.

NÃO POSSO COMER,TOU GORDA!

TENHO QUE ESTUDAR!

TENHO QUE TRABALHAR!

e quase nunca eu posso chorar. quase.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Homenagem.




Hoje é um dia muito especial! É aniversário da minha vovó linda que eu amo tanto.
Desde que ela veio morar aqui em casa(acho que tem uns dois anos isso), ela se tornou ainda mais especial! Essa convivência diária, as risadinhas dela (que não são poucas), as brabezas (que não são nem um pouco poucas hahahaah), tudo,tudo é muito bom e dá saudades quando as férias chegam e ela não fica aqui!
Minha vó foi uma guerreira! E hoje, ela colhe alguns frutos de todas as suas batalhas já vencidas!

Vovó, eu sei que você não vai ler meu post,mas saiba que eu te desejo tudo de bom e quero a senhora por mais anos aqui com a gente! te amo! ♥

sábado, 11 de junho de 2011

Os tempos e os problemas.

"Na infância,bastava sol lá fora e o resto se resolvia."

É com essa frase de Carpinejar que eu afirmo: Eita coisinha difícil essa que é ser adulto. Você dorme com problemas e acorda com o dobro. E quando você pensa que tá tudo resolvido não tem é nada certo.
Quando eu era criança meus problemas eram tão simplórios. Eu chorava porque queria ir pra escola mesmo sem ter aula, chorava quando queria um jogo e minha mãe não queria - ou não podia- comprar. Brigava com meu irmão por causa do videogame e minhas tarefas da escola eram fáceis.
Hoje, eu choro de decepção, de raiva, até de emoção - não sejamos tão pessimistas,né?- Tenho que trabalhar pra poder ter meus "jogos" e minhas coisas. Eu mal vejo o meu irmão porque passo o dia na rua. Nem tempo pra brigar temos mais. E minhas tarefas não são mais da escola,são sobre a escola.
Mas uma coisa não mudou: pra mim, o Sol ainda precisa estar lá fora.É ele um dos formadores do meu humor. O Sol me deixa animada para encarar essa dificuldade de ser adulta,de ter realmente problemas que não se resolvem com o Sol.O Sol me lembra ser criança. A chuva me entristece, como sempre. É tristeza de adulto,mais,muito mais triste que tristeza de criança.


Ah,como era bom ser criança!



quarta-feira, 1 de junho de 2011

De Clarice pra nós.

Por não estarem distraídos

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

Clarice Lispector