domingo, 30 de janeiro de 2011

Conversa de trem.

Eu e minha mãe fomos ao centro da cidade ontem e, na hora da volta, optamos pelo metrô pra mais cedo chegarmos em casa- isso depois de muito eu insistir com a minha mãe que essa seria a opção mais ágil. Enfim. Adentramos a estação, esperamos o metrô. Ele chegou. Entramos e sentamos. Então, entra um rapaz, 'pregando a palavra'. Uma senhora,bastante mau humorada começa a comentar comigo que estava evitando entrar em metrôs por causa dessas pessoas que entram pra falar e segundo ela,fazer barulho,pois ela trabalhara 30 e poucos anos com educação e não suportava mais barulho.
A partir dessa afirmação, engatamos um papo sobre educação- afinal de contas, eu também sou dessa área. Ela começou a dizer que eu desistisse, que era difícil,que você lida com pessoas terríveis,é estressante, que a filha dela queria ser professora,mas ela não deixou a menina seguir essa carreira. Enfim,ela acabou com a imagem da educação, não expôs nenhum ponto positivo. Minha mãe ouviu os comentários dela e começou a dizer que eu não ia ser professora do estado, que seria professora de faculdade.
Quando descemos do metrô, comecei a comentar a opinião dessa mulher. Minha mãe disse que eu ia dar aula onde eu quisesse, que aquela mulher era frustrada,isso sim. Que estava no caminho certo, que eu realmente gosto disso e nasci pra isso!
Essa conversa toda só me fez ter mais certeza do que eu quero, ser professora. As pessoas me julgam louca, pois vou ser pobre, e ainda vou ter que aturar pivetes. Gente, qual a graça de trabalhar sem dificuldade? Para pra pensar. Poxa,é por isso que a educação tá do jeito que tá. Ninguém pensa no outro,só pensa numa droga de salário. Quanta mesquinhez!!! Não vou ser hipócrita aqui e dizer que a grana não é importante. Claro que é! Mas a gente não pode ser movido só por essa engrenagem! Fazer algo pelo próximo,se sentir útil é muito mais importante, e é isso que eu quero pra mim. SEMPRE!


por Nathaly

sábado, 8 de janeiro de 2011

A tecnologia e o ato da conversa.

Eu tava observando o andamento da minha vida, de uns anos pra cá. Nossa,como eu mudei! Meus gostos,minhas ideias. Só uma coisa eu não mudei: meu gosto por falar. Pra mim é fabuloso ter o poder de falar e o de ser ouvida. É muito bom sentir que as pessoas dão atenção pro que você diz e que dialogam com você.
Só uma coisa me deixa chateada: como as pessoas estão falando pouco. Conversando menos pessoalmente e mais virtualmente,num isolamento social tremendo. Não,eu não sou uma anti-tecnologia,mas eu sou muito a favor do papo cara a cara,é muito mais emocionante.Parece que você transmite mais verdade quando fala com a pessoa diretamente. Você gesticula, observa o gesto do outro e a interação fica muito mais interessante e divertida. Quando a interação é meramente virtual, não sabemos até que ponto a pessoa está sendo sincera, pois não observamos o rosto dela, as expressões, que podem parecer inúteis,mas definem muito o que as pessoas querem dizer.
Claro que a vida corrida nos impede de poder viver essa conversa ao vivo com mais frequência, pessoas que estão distantes de nós, impedem toda essa minha campanha pela conversa mais pessoal. Mas, hoje e por que não sempre, tente conversar com as pessoas mais próximas olhando para elas, observando seus gestos e deixando que o outro perceba os seus também. A diferença é incrível.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Quando é que será a sua hora da estrela?





O romance que dá título ao texto aqui escrito é um dos mais tocantes que já li. E foi este livro que me deu margem pra o que sinto por Clarice Lispector. Ela é incrível. Com sua linguagem e suas temáticas cotidianas,ela consegue ir no mais profundo do ser humano e te tocar de forma intrigante.Quem não fica mexido com o que ela escreve não tem sensibilidade pra mais nada. E não estou nem brincando.
A hora da estrela conta a história de Macabéa, uma mulher nordestina que foi tentar a vida no Rio de Janeiro. Mas Macabéa tem uma coisa que chama atenção: não chamar a atenção de ninguém. Ela apenas respira,apenas existe,num anonimato tão profundo quanto a sua tristeza. As pessoas a enganam, a humilham, a perseguem, mas ela parece indiferente a tudo e a todos, ela só pensa em "passar os dias". O único momento em que sua estrela parece brilhar, é quando ela falece. Ali,ela teve a sua hora da estrela, ali ela foi importante de alguma forma, ela foi notada,como nunca em vida fora.
Não pense você que Macabéa é uma personagem distante do que nós vivemos. Quantas mulheres existem por aí que apenas esperam a hora de suas estrelas brilharem, vivem por viver, numa existência inexistente? São muitas, sem sombra de dúvidas.Quantas Macabéas são enganadas por seus namorados,pelas pessoas em que mais confiam todos os dias? Não consigo contar aqui em meus dedos. Mas apesar de toda essa "invisibilidade" e intolerância das pessoas,elas conseguem existir,nem que seja pra elas mesmas ou pra ninguém.

Vergonha.

Eu não sei pra quê eu fico relendo os meus textos anteriores escritos neste blog. Deus,quanta porcaria. O pior é que na época eu achei que os textos tavam uma porcaria mesmo,mas só agora eu tenho certeza disso. Como eu sou boba.Eu fico com vergonha de divulgar esse blog por causa da quantidade de asneiras que eu disse. E isso não é baixa auto-estima, é a realidade mesmo.
Mas isso prova que novamente eu amadureci e eu percebi que passamos a vida toda com vergonha do nosso passado, do que fizemos e até do que escrevemos. E vai ser sempre assim, por mais interessante que o que a gente faz pareça ser no momento. Tempos depois,será porcaria, será má escritura.
Enfim, vou finalizando esse texto com menos vontade de deletar esse blog e entendendo que o que eu escrevi antes tenho vergonha agora, e o que escrevo agora terei vergonha depois e sempre será assim. E que tudo isso que causa ou causará vergonha em mim foi o que eu senti ou sentirei, tudo que eu senti ou sentirei vontade de falar e eu não devo ter vergonha disso,nem achar que são porcarias,por que minha história não é porcaria.



Por Nathaly